Natural de Memphis, Larkin Grimm cresce na Geórgia rodeada pelos Montes dos Apalaches no seio de uma família de hippies devotos da extinta ordem religiosa Holy Order of Mans. As primeiras canções que Larkin ouviu foram, possivelmente, da sua mãe – melodias fartas de esperança e luz de um coração hippie. A sua infância e juventude são passadas num confortante isolamento perto da natureza, recheado de valores puros que brotavam das profundezas da terra e tocavam a liberdade. Larkin recorda os contos de fadas que a mãe lhe contava quando era pequena. O seu pai aproveitando a deixa, diz-lhe que o seu nome Grimm é da descendência dos Famosos Irmãos Grimm… Na verdade, é na escrita de canções que Larkin se revela com poemas autobiográficos, onde pairam atmosferas habitadas por assassinos, paixões, sexo e morte. Já crescida Larkin Grimm estuda Belas-Artes em Yale. Procura dar azo ao seu sentido de liberdade não mantendo uma morada fixa, viaja pela Tailândia (onde convive com mulheres strippers humilhadas por turistas sexuais) e Guatemala.
O seu último álbum Parplar vive da estranheza do homem-réptil, do pavor e da euforia. Na voz de Larkin moram os arquétipos de tudo o que já se viveu, o herói e a morte, a mãe e a casa, o medo e a criança. Histórias do início dos tempos… They were wrong que inicia o disco impressiona pela proximidade, e sussurra-nos que a esperança vive do lado de cá. Ride that Cyclone mostra-nos que este não é um disco de uma pessoa só, surgem as trompetes, os banjos, as guitarras, os acordeões e a precursão da responsabilidade dos convidados Fire on Fire da Young God Records.
Este é o primeiro álbum de Larkin Grimm assinado pela editora de Michael Gira, depois de ter editado pela Secret Eye, The Last Tree e Harpoon Baptism. Michael Gira é o produtor e quem encorajou Larkin a escolher as 15 faixas que compoêm Parplar de um universo de 50.
Larkin Grimm, Já partilhou a estrada com Devendra Banhart, Spires that in the Sunset Rise, Espers, Mi and L’au, Brightblack Morning Light, Viking Moses, the Microphones, Old Time Relijun e com o português Norberto Lobo.
Entretanto, Larkin continua a sua infindável viagem entre o místico e o natural, entre o Homem e a Terra…
Carlo Patrão